O ANGLICANISMO
O anglicanismo é um ramo histórico e reformado da Igreja de Jesus Cristo, em dinâmico processo de expansão missionária. Os anglicanos têm suas raízes na Grã-Bretanha, onde se situa a Inglaterra, cuja região central é denominada de Anglia, a terra dos anglos.
É a forma da fé cristã vivida na Igreja Anglicana, que começa a surgir surgido entre os séculos II e III, sendo influenciada pela Reforma Protestante no século XVI, através de reformadores como Thomas Cranmer, responsável pelo projeto de produção do Livro de Oração Comum (LOC), que se tornou o modelo histórico da liturgia anglicana, após o rompimento com Roma ocasionado pela negativa da anulação do casamento do rei Henrique VIII. Embora esse rei não tivesse um espírito reformado, parte do clero inglês abraçou vários princípios das tradições luterana e reformada.
Essa reforma se consolidou no período da Rainha Elizabeth I (1558–1603). A reforma anglicana abraçou plenamente a centralidade de Cristo e a necessidade de leva-lo a diferentes culturas, comunicando a mensagem eterna de Cristo na língua e cultura locais. Assim, o anglicanismo é essencialmente missionário, embora uma expansão própria do anglicanismo para além do império britânico seja mais recente.
Estamos presentes no Brasil desde a Regência, com as Capelanias Consulares Britânicas; chegamos em grande número, com a imigração japonesa para o sudeste e o sul; estabelecemos uma vigorosa missão, de origem norte-americana, no Rio Grande do Sul, no final do século XIX, especialmente através dos missionários James Watson Morris e Lucien Lee Kinsolving (1890), vindos do Seminário Teológico da Virgínia, que tiveram o primeiro grande sucesso na implantação de uma evangelização anglicana no país.
Essa evangelização chegaria ao Recife, com a formação do que depois viria a se chamar Diocese Anglicana do Recife. O clero e membros dessa diocese foram excomungados em 2005 pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil por estarem em desacordo com essa província quanto à normalidade da prática homossexual e a ordenação de pessoas dela praticantes ao sagrado ministério pastoral. O então bispo diocesano, Robinson Cavalcanti, liderou sua diocese na direção de obedecer à Resolução 1.10 da Conferência de Lambeth de 1998, votada por bispos anglicanos de todo o mundo, segundo a qual a prática homossexual é considerada incompatível com as Escrituras, ao contrário do desvio da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.
A Diocese do Recife foi acolhida por províncias anglicanas de todo o mundo como parte da FCA – Fellowship of Confessing Anglicans –, um movimento e que propõe renovação e realinhamento na Comunhão Anglicana, procurando manter a fidelidade à Palavra de Deus, e que fala pela maioria dos anglicanos do mundo inteiro. Em 2018, a Diocese do Recife formou uma nova província anglicana, a Igreja Anglicana no Brasil, agora com três dioceses (Recife, João Pessoa e Vitória) e em expansão por todo o país, sob a liderança do arcebispo primaz Miguel Uchôa Cavalcanti.